NALDOVELHO
Primavera,
novembro, noite deserta,
e
a cidade um tanto ou quanto ensimesmada
não
percebe que as ruas estão nubladas,
que
as esquinas permanecem vazias
e
que a danada da nostalgia
tomou
conta desse lugar.
Do
meu quarto a única coisa que escuto
é
o barulho dos carros em disparada,
como
se tentassem inutilmente fugir...
Mas
eu continuo a viver por aqui,
buscando
as mesmas respostas,
travando
as mesmas batalhas,
tentando
curar minhas feridas.
É
bem verdade, não são as mesmas...
Sou
um poeta desastrado
que
gosta de caminhar entre escombros,
e
que volta e meia teima em se machucar.
Uma
tênue luz abençoa o ambiente,
na
vitrola Elis destila meus tormentos,
em
cima da mesa: folhas de papel, rascunhos.
Alguns
viram poemas, registros dos meus ais.
Outros:
nada falam, nada revelam...
Primavera, novembro, noite deserta.
Agora,
Elis canta “atrás da porta”,
e
eu continuo a viver por aqui,
escrevendo
sempre os mesmos poemas,
na esperança de que um dia você venha ler.
na esperança de que um dia você venha ler.
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