NALDOVELHO
Na força dos
ventos, sinfonia estranha,
sudoeste se
assanha, ressaca de versos.
O cheiro de
terra, o inverno lá fora,
a certeza que
a hora não tarda a chegar.
As minhas
sementes florescem aqui dentro,
dão frutos
sadios, de polpas tão tenras,
remédios que
o tempo há de preservar.
Poesias,
lembranças, miragens, bobagens,
fartura de
sonhos sem nenhum cabimento,
mas que dão
crescimento, não adianta negar.
Escolhas que
eu tive, por falta de escolhas,
caminhos
trilhados sem constrangimentos.
A forja de um
homem de pele morena,
de olhos
castanhos e com um pé no além mar.
Sinfonia de
versos, amores passados,
feridas
latentes, ainda presentes.
Estranho
ofício, poesia que arranha,
inquietude
tamanha a me assombrar.
Lá no fundo
do meu eu um precipício,
e um animal
acuado querendo se libertar.
Mas no
coração mora um anjo, menino e travesso,
poeta que eu
tenho guardado em meu peito,
que toda a
vez que eu choro
derrama um
poema pra me consolar.
Sinfonia
tamanha, rebelada e estranha,
que
transforma as trevas em noite de lua
e depois
amanhece, embora me doa,
o sol
acontece pra me renovar.
E o animal
adormece embalado em meus versos,
sons que eu
confesso, cantigas de ninar.
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