domingo, 21 de janeiro de 2018

TARDE CHUVOSA DE JULHO

     NALDOVELHO

     Tarde chuvosa de julho,
     típica de um homem cativo
     que tenta a todo custo
     se equilibrar na merda do meio fio.
     Tentativa de sobreviver ao tempo
     que atiça antigas feridas
     e espalha pelas ruas
     todos os meus guardados:
     cartas, retratos, recortes, poemas,
     inclusive a danada da nostalgia.
     Saudade de quem sem mais nem menos
     disse que era hora de partir
     e abraçada a um pé de vento
     desapareceu no firmamento,
     nunca mais se viu por aqui.
     Coisa de gente arredia!
     E o que ficou foi uma sensação estranha,
     um buraco no peito,
     que poema algum
     consegue dar jeito.

     Tarde cinzenta de julho
     e de lá pra cá em todo entardecer
     chove e faz frio,
     pelo menos dentro de mim.


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