NALDOVELHO
Tarde chuvosa de julho,
típica de um homem cativo
que tenta a todo custo
se equilibrar na merda do meio fio.
Tentativa de sobreviver ao tempo
que atiça antigas feridas
e espalha pelas ruas
todos os meus guardados:
cartas, retratos, recortes, poemas,
inclusive a danada da nostalgia.
Saudade de quem sem mais nem menos
disse que era hora de partir
e abraçada a um pé de vento
desapareceu no firmamento,
nunca mais se viu por aqui.
Coisa de gente arredia!
E o que ficou foi uma sensação estranha,
um buraco no peito,
que poema algum
consegue dar jeito.
Tarde cinzenta de julho
e de lá pra cá em todo entardecer
chove e faz frio,
pelo menos dentro de mim.
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