quinta-feira, 27 de outubro de 2016

EU TE DIREI

    NALDOVELHO

    E eu te direi das sementes
    que germinam em minha alma,
    das ilusões que trago comigo,
    das emoções que macero em meu umbigo,
    das imagens que eu cultivo em segredo,
    das orações que vencem meus medos,
    do ser que eu construo pouco a pouco,
    das cicatrizes espalhadas pelo corpo,
    dos escombros, dos restos de demolição.

    E eu te direi dos sonhos que povoam meus dias,
    da estranha mania de escrever poesias,
    das músicas que aquecem o meu coração,
    da necessidade de cultivar a solidão,
    dos enredos desfeitos, dos caminhos estreitos,
    da necessidade de sentir na pele o arrepio,
    de ter em meus olhos uma nascente de rio,
    das lágrimas que choro no chuveiro...


    Ainda que estejas longe, eu te direi!

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