NALDOVELHO
Mais parecia arrepio,
sangue, suor, saliva, animal no cio,
poema de amor e dor escrito pouco a
pouco,
palavras maceradas por um louco,
alguém assim meio pedra meio rio,
que desconhecia o sentido da palavra
estio,
que enfeitiçado se atirava num
precipício,
e eu sabia que seria assim desde o
início.
Mais parecia delírio,
entrelaçadas histórias, embaralhados
os fios,
feito um sonho que raramente
acontece,
e o pecador que eu era ajoelhado numa
prece;
até hoje busco curar minha nostalgia,
assim meio lágrima, um tanto ou
quanto poesia,
saudade que me encharca por dentro,
e eu deste jeito já faz um tempo.
Mais parecia magia,
cantiga tristonha, elegia,
pois só eu sei o quanto doeu o
feitiço,
e não há como acabar com isto,
e assim vou eu, meio poeta meio
escombro,
de joelhos a lamentar meus tombos,
que embriagado de amor fatiou seu
coração,
e prisioneiro do seu umbigo se
entregou a solidão.
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