NALDOVELHO
Eu caminho faz tempo
em busca de um poema
que eu nem sei bem o porquê
corrói minhas entranhas
e me faz trilhar caminhos
de nostalgia e clausura,
aprisionado que estou
à solidão da minha loucura.
E a cada trecho desta caminhada
eu percebo palavras cristalizadas,
algumas como farpas espetadas,
outras, apenas depositadas
na margem esquerda de um rio
que corre dentro de mim.
Vontade de ir nem sei bem pra onde,
e com a estranha sensação
de que o meu tempo passou
e eu não vi.
Eu caminho faz tempo
em busca de um poema
que eu nem sei bem
por conta de quê assola meus dias...
E a cada amanhecer eu colho
emoções trazidas pelo vento,
umas, soam como mensagens de amor,
obrigação de não entregar os pontos;
outras, poesia que me enche de alento,
apesar do desencanto e do desamor.
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