NALDOVELHO
Minhas águas escoam
por um emaranhado de escolhas,
algumas delas erradas,
águas turvas, lamacentas,
trilhas que às vezes eu tomo,
e que vão dar em lugar algum.
Em outras, águas claras de nascente,
que semeiam a vida que eu tenho,
herança que eu transmuto em versos
pelos caminhos da imensidão.
Minhas águas carregam
sonhos de alimentar corredeiras,
palavras fazedeiras, verdades,
viagens, miragens, magia,
caminho de ir e de vir.
E em cada ponto da estrada
eu deixo um pouco de mim.
Quem sabe outro viajante
perdido em suas romarias
possa um dia colher
o pouco do que eu tenho a dizer.
Mas às vezes eu também derramo
águas que escorrem de salgadas,
águas ardidas de saudade,
lágrimas que sulcam o meu rosto,
mas que ainda assim não causam
feridas,
pois a pele que me cobre o corpo
é ungida na forja dos loucos,
o que me dá a sabedoria dos poucos
que todos os dias ao amanhecer
têm a força e a coragem de
prosseguir.
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