quarta-feira, 9 de março de 2016

DEIXEM

    NALDOVELHO

    Deixem que no ar sobreviva um aceno,
    uma palavra amena, um gesto de carinho,
    um sinal que nos revele um caminho,
    um que nos traga mudanças de rumos,
    que nos permita apaziguar corações.

    Deixem que o ar fique impregnado de alfazema,
    que uma chave nos faça abrir portas,
    que um mapa nos revele tesouros,
    não aqueles que reluzem a ouro,
    mas os que nos proponham a imensidão.

    Deixem que a criança em nós sobreviva,
    que possamos nos apaixonar outra vez,
    e uma vez mais, por que não?
    quantas vezes forem possíveis,
    poetas não sabem viver sem amor.

    Deixem que a ternura seja a bússola
    que nos permitirá sobreviver ao caos,
    pois só assim permaneceremos íntegros,
    pois só assim valerá a pena
    sermos os arautos da imperfeição.

    Deixem que esta música continue a tocar,
    há sempre a possibilidade de mais uma dança,
    e que entre o amanhecer e o anoitecer
    possamos escrever muitos poemas,
    ainda temos muito a aprender!

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