NALDOVELHO
Eu sei de um
tempo
que passou
apressado,
revirou todos
os meus guardados,
deixou pelo
chão do quarto, espalhados,
meus retratos,
recortes, cartas, bilhetes,
cama
desarrumada,
lençóis,
fronhas e travesseiros umedecidos,
sangue, suor,
saliva, solidão.
Eu sei de um
tempo
que passou
apressado,
e deixou em
meu corpo marcas evidentes,
feridas,
ainda não cicatrizadas,
outras teimosamente
latentes,
restos,
resíduos, refugos,
entulhos
deixados em minhas veias,
no dia a dia
da minha desconstrução.
Eu sei de um
tempo malvado,
apesar da
sabedoria da lapidação.
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