NALDOVELHO
E a vida
passou enfeitada,
vestido rodado,
decote ousado,
sorriso bonito
de quem sabe
das procuras,
dos caminhos
e do que eles
têm para nos ofertar.
E então ela
me envolveu em seus braços,
beijou minha
boca, acariciou meus cabelos,
sussurrou em
meus ouvidos
sagrados segredos
de permanências,
e como um
tolo eu acreditei
que com ela poderia
ficar.
Depois, me
ensinou a escrever poemas,
mostrou caminhos
de desentranhamentos,
revelou os
mistérios das sementes,
fez com que
eu me apaixonasse mil vezes,
e com dó de
mim, me ensinou a chorar.
Outro dia a vida
me olhou entristecida,
disse que
tudo tinha seu tempo certo
e que eu
estava ficando envelhecido,
e que no crepúsculo dos meus dias
ela teria
que me abandonar.
Eu sorri e
respondi: tudo bem!
pois como todo
bom poeta
eu hoje já sabia
voar,
e que há
tempos eu estava
apaixonado
pela existência
e ela havia
me ensinado a ficar.
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