NALDOVELHO
Outro dia ao entardecer
do parapeito daquela janela,
a palavra ensandecida
despejava montes de impropérios.
Gritava em alto em bom tom,
que a mulher louca da casa da frente
havia expulsado a todos,
papagaio, cachorro, parente;
que teimava em desfilar nua
e dava gargalhadas indecentes
toda a vez que lhe batiam a porta;
que o velho da casa do lado,
faz tempo, não tomava banho,
e gostava de dançar pelado
fingindo estar apaixonado
por alguém que só ele via;
que a mocinha do quarenta e dois
traia o seu namorado
com o garoto daquele sobrado,
que por outro lado era apaixonado
por aquele branquelo sarado
que trabalhava na padaria;
que diariamente, quase noitinha,
na casa vizinha a minha,
a mulher no homem batia,
e ele coitado chorava,
até que condoída ela o abraçava
e trepavam loucamente,
achando que ninguém via.
Todos os dias ao entardecer
o poeta vira um voyeur
e vasculha toda a cidade
em busca de inspiração
para uma prosa destrambelhada...
Coisa de quem não tem nada pra
fazer!!!
Mas que prosa destrambelhada mesmo gostei de ler esta maravilha não deixe este seu lado poetico amo.Ilca Karla Santos
ResponderExcluirSua inspiração não tem limites, e viajo nessa sua prosa destrambelhada como se tudo fosse real...adorei....bjos amigo poeta
ResponderExcluirheloisa crosio