NALDOVELHO
Não existem poetas no paraíso,
pois lá, não seria preciso!
Seres acostumados a viver nos
escombros,
que pelos caminhos vivem aos
tombos,
e que a cada tombo praguejam,
blasfemam, cometem heresias,
viciados que são em escrever
poesias,
que a cada dor sentida sangram,
inquietos que são, solitários
irmãos,
como poderiam por lá viver?
Até porque não saberiam!
Não existem poetas no paraíso,
pois lá, não seria preciso!
Loucura, desassossego, revolta,
palavras vomitadas a sua volta,
desejo, lascívia, pecado,
desejar a mulher do lado,
dedicar-lhe versos indecentes,
noites passadas em claro,
pensamentos bastardos, vadios,
dúvidas, questionamentos, desvios...
Como poderiam por lá viver?
Até porque não poderiam!
Deus foi sábio ao nos dizer:
aos mansos de coração!
Somente a estes a boa aventurança
de por lá assim ser.