NALDOVELHO
Toda a vez que amanhece
eu brindo aos meus recomeços,
brindo a possibilidade do desafio,
ao inevitável arrepio,
e pelas ruas da minha cidade
eu colho pétalas, nostalgia, saudades,
pois assim vive o poeta
que teima em explorar sua imensidão.
Toda a vez que amanhece
eu agradeço a Deus com uma prece,
mãos espalmadas a acariciar o tempo,
asas abertas ao sabor do vento
e revejo planos, compreendo desenganos,
pois a possibilidade de realizar meus sonhos
é chama acesa que aquece meu coração.
Toda a vez que entardece
eu brindo a possibilidade do amanhã,
ainda que minhas pernas estejam fracas,
meus olhos lacrimejem de cansaço
e minha voz viva aprisionada na garganta,
restaram as palavras que eu amo,
e o dom de fazê-las fluir de minhas mãos.
Toda a vez que anoitece
eu percebo a suavidade que emerge
da melodia que abençoa meus passos,
das águas do mar que acariciam o rochedo,
da lua que lá do céu conspira em segredo
para que eu possa me deliciar com mais uma dança,
pois mais do que nunca, viver é uma paixão.
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