NALDOVELHO
De suas mãos
brotava um bordado mágico
em tessituras delicadas
de amor e esperança,
poeira de estrela
colhida em lua crescente.
E a menina se ria toda vez
que duvidavam de sua magia,
e dizia com um olhar travesso:
poesia, poesia...
Assim cresceu a menina,
íntima de muitas feitiçarias,
com o poder de curar os aflitos,
de desfazer a dor
que dilacera por dentro,
de transformar tempestade
em chuva fininha, garoa,
e ventania numa simples aragem.
E uma vez mais quando duvidavam,
ela com um olhar travesso, dizia:
poesia, poesia...
Já faz algum tempo
a menina virou mulher
e hoje enxertada de amor
sorri toda a vez que nasce um dia,
colhe suas ervas ao entardecer,
e ao anoitecer tece sem pressa,
mandalas, bordados, poesia,
cumplicidade urdida com o tempo...
e com um sorriso maroto
acaricia o seu ventre e diz:
vai ser poeta quando crescer.
Magia, magia, magia...
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