NALDOVELHO
Você nos disse que um dia
estaríamos crescidos
e que não mais escutaríamos
vozes em nossos ouvidos,
que não existiriam
feridas em carne viva,
tão pouco inquietudes
a perturbar nossas vidas;
mas o tempo passou,
e nós ainda estamos perdidos,
sem saber se o rumo escolhido
vai nos levar a algum lugar,
ou se nossas raízes irão
frutificar.
Você nos disse que um dia
o amor iria nos preencher,
que ele abriria portas
e que se caminhássemos de mãos
dadas
seria difícil alguém nos separar,
e por isso todas as promessas,
ternuras, loucuras, coisas
sagradas,
próprias de quem ousou sonhar;
mas o tempo passou
e quando eu olho ao redor
você já não mais está,
e a nossa música continua a
tocar,
e a nostalgia insiste em me assombrar.
Você me disse que um dia
eu aprenderia a perceber,
e que quando isto acontecesse
a dor que eu sinto não iria mais
doer;
mas o tempo passou
e eu só percebo vestígios
da minha imensidão,
e das paredes que me cercam,
palavras num idioma estranho;
algumas eu já consigo
compreender,
a maioria não!
Acho que por isto que eu ainda
sou
prisioneiro da minha solidão.
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