Lembro bem daquela velha senhora,
cabelos escorridos, agrisalhados,
olhos amendoados, aprofundados,
como se pudessem revelar nossas almas.
E ela gostava de nos contar histórias,
a maior parte delas ninguém cria,
mas ainda assim respeitosamente ouviam,
pois nelas sempre um ensinamento havia.
Uma em especial até hoje me assombra:
a do homem que vivia pelas ruas
a distribuir sonhos e fantasias,
mas que a maior parte das pessoas
normalmente recusavam;
diziam que não era o caso,
pois aquelas coisas não lhes apeteciam,
já que eram viciados no dia a dia
que os alimentava e consumia.
O homem ainda assim sorria e insistia:
uma rosa então, vejam como é bela!
E eles respondiam que não!
Só se viessem sem espinhos.
E homem esperançoso
continuava, então, o seu caminho,
pois ele sabia que uma hora
alguém haveria de querer,
mas resmungava baixinho:
gente esquisita esta,
onde já se viu rosa sem espinho?
É como querer a vida
sem a dor que ela possa nos trazer,
só se sabe da verdadeira felicidade
quando não se tem medo de sofrer.
Muito sábia aquela velha era,
conhecia cada história!
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