domingo, 31 de julho de 2016

A SOMBRA QUE TRAGO COMIGO

     NALDOVELHO


     A sombra que trago comigo
     gosta de se intrometer em minha vida,
     de influir nas coisas que eu faço,
     de direcionar todos os meus passos,
     acha que é a dona do meu umbigo
     e se alimenta do meu tormento.

     Outro dia de tão irritado,
     perguntei-lhe exasperado:
     sombra que nunca se sacia,
     declare aos quatro ventos o seu nome.
     E ela ironicamente me perguntou:
     então mesmo depois de tanto tempo
     você ainda não sabe?

     E de pronto sussurrou em meus ouvidos: 
     meu nome é poesia,
     e eu sou sua benção e maldição.

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