O tique e taque nervoso,
o tempo perverso,
o dia nublado,
a freada repentina,
a estridência da buzina,
o sinal está fechado,
o trepidar da britadeira,
o sino da igreja,
tocando em meus ouvidos.
O ambulante se desespera,
não vendeu quase nada,
o soco no estomago,
o grito da menina
assaltada na esquina,
as lágrimas do pivete
amarrado num poste
e a violência estampada
no olhar das pessoas.
Uma rajada de balas,
um confronto num beco,
e a bala perdida
encontrou seu endereço
no peito de uma mulher
que andava apressada,
muitas coisas pra fazer,
tinha contas pra pagar,
crianças pra criar,
e um sonho interrompido
num olhar triste e sofrido,
e eu nem sei mais quem é o bandido.
A sirene da ambulância
que passa e não para,
foi atender noutro lugar.
A polícia desfaz a cena,
cada um vai pro seu canto
e as pessoas engasgadas,
violentadas pelo silêncio.
Um poema incidental:
sinfonia do caos.
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