quarta-feira, 26 de março de 2014

SINFONIA DO CAOS - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

   NALDOVELHO

   O tique e taque nervoso,
   o tempo perverso,
   o dia nublado,
   a freada repentina,
   a estridência da buzina,
   o sinal está fechado,
   o trepidar da britadeira,
   o sino da igreja,
   tocando em meus ouvidos.
   O ambulante se desespera,
   não vendeu quase nada,
   o soco no estomago,
   o grito da menina
   assaltada na esquina,
   as lágrimas do pivete
   amarrado num poste
   e a violência estampada
   no olhar das pessoas.
   Uma rajada de balas,
   um confronto num beco,
   e a bala perdida
   encontrou seu endereço
   no peito de uma mulher
   que andava apressada,
   muitas coisas pra fazer,
   tinha contas pra pagar,
   crianças pra criar,
   e um sonho interrompido
   num olhar triste e sofrido,
   e eu nem sei mais quem é o bandido.
   A sirene da ambulância
   que passa e não para,
   foi atender noutro lugar.
   A polícia desfaz a cena,
   cada um vai pro seu canto
   e as pessoas engasgadas,
   violentadas pelo silêncio.
   Um poema incidental:
   sinfonia do caos.

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