terça-feira, 22 de outubro de 2013

SEM MINHAS ASAS EU NÃO POSSO PARTIR - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

   NALDOVELHO

   No chão escorregadio
   poças d’água espalhadas, arrepio.
   No espelho, a imagem da lua refletida
   e uma vontade enorme de ir embora,
   pois a noite me chama lá fora,
   ainda assim eu permaneço aqui dentro,
   envolto em meus pensamentos.

   A vidraça embaçada denuncia
   uma madrugada friorenta que implora
   por gotas de orvalho sobre a relva sedenta.
   Muita neblina impede que eu veja o caminho,
   mas ainda assim eu sei que ele está por lá.

   Espalhados pela casa um amontoado de sonhos
   e a imagem da lua aprisionada em meus olhos.
   Aqui dentro um emaranhado de fios,
   em minhas costas a marca dos teus dentes
   e em meu corpo o desejo, a inquietude, o delírio.

   Um sol pálido e cheio de preguiça,
   se arrasta, se esforça, e finalmente nasce.
   Águas revoltas de um rio avisam,
   que nem faz muito tempo eu cheguei por aqui,
   mas que sem minhas asas eu não posso partir.


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