sábado, 3 de agosto de 2013

JAZZ - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    NALDOVELHO       

   Falhas, pequenos sulcos,
   rachaduras na armadura
   por onde passa a saudade,
   dor aguda de fratura,
   nostalgias de um poeta.
   Sinto a falta de um cigarro
   e de uma dose de absinto,
   sax tenor e um trompete,   
   baixo acústico e um piano
   insidioso e profano
   a compor meus desenganos.
   Muitas notas dissonantes
   numa pauta bem complexa,
   já não tenho vinte anos,
   a artrose incomoda
   e as palavras fazem pouco
   da tentativa de um poema
   que revele meus segredos,
   que descortine meu enredo,
   pois já não restam muitas portas,
   e se esqueço da janela aberta,
   sinto o açoite do inverno,
   não tenho mais o sangue quente
   e minha pele hoje fina,
   qualquer coisa faz sangrar.


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