NALDOVELHO
Quando
a palavra que eu tenho virar pedra,
janelas
se fecharão sobre as tardes de outono,
luzes
expulsarão daqui os fantasmas,
que
abraçados aos escombros se exilarão no passado.
Quando
a palavra que eu tenho virar pedra,
não
cometerei mais a cantiga apaixonada
e
um silêncio nervoso terá tomará conta do poema,
pois
nem eu, mesmo, me lembrarei destes versos.
Quando
a palavra que eu tenho virar pedra,
anjos
e demônios comemorarão excitados,
o
triste desfecho de um enredo mal alinhavado
e
a dor sob uma lápide com o meu nome gravado.
Quando
a palavra que eu tenho virar pedra,
pássaros
amanhecerão estranhamente quietos,
os seus ninhos tristemente desertos,
e
o sacrílego, certamente, irá aplaudir!
Quando
a palavra que eu tenho virar pedra,
festejarei
a libertação dos meus sonhos,
e
embriagado com o vinho da loucura
viajarei
para bem longe de mim.