NALDOVELHO
Na
última sessão de cinema
do
poeirinha, lá perto de casa,
personagens
entristecidos
aprisionados
aos seus ais,
num
filme feito faz tempo,
onde
a mocinha na última cena diz:
afinal,
amanhã será um novo dia!
Na
última sessão de cinema,
um
jovem aprisionado as horas
e
de braços dados com a solidão,
só
sabe que chove lá fora,
e
que o pai da menina bonitinha
não
permite que ela namore,
e
acha que a dor de não poder,
nem
o vento e a chuva
vão
conseguir dissolver.
Na
última sessão de cinema,
a
vontade de não ir embora
e
um não saber como fazer direito,
pois
as esquinas são frias e desertas,
e
ainda que amanhã seja um novo dia,
de
que adianta, se eu não vou poder te ver.
E
no poeirinha, perto de casa,
o
lanterninha avisa que já é hora!
e
que o vento levou os meus sonhos,
e
fez com que surgisse um poeta
que
até hoje tenta escrever um poema
que
exorcize a última sessão de cinema,
pois
afinal, amanhã será um novo dia,
quem
sabe eu consiga te esquecer?
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