sexta-feira, 21 de setembro de 2012

DAS COISAS QUE EU NÃO SEI (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

   Não sei tirar leite das pedras,
   nem transformar água em vinho,
   derrotar monstros moinhos,
   desembaraçar na vida os fios,
   evitar novelos de lã.

   Não sei ver a diferença
   entre mulher de vida incerta
   e aquela que jura ser certa,
   nem descobrir quais são as loucas
   entre aquelas que afirmam que são sãs.

   Não sei como apagar no peito
   a chama que arde covarde,
   nem amar sem fazer alarde!
   Tem sempre um tremor nas pernas,
   um jeito de olhar que denuncia,
   uma vontade de fazer poesia.

   Nunca fui um bom navegante,
   acabo sempre num recife,
   ou então numa praia distante,
   meio náufrago, meio escombro,
   pedindo a Deus que alguém me ache
   e me leve de volta ao cais.

   Nunca aprendi a dar fortes laços,
   no máximo, nós cegos!
   Volta e meia a corda arrebenta
   e aí eu me solto das amarras,
   fico andando em círculos
   e me perco de mim mais uma vez.

4 comentários:

  1. Boa noite amigo Naldo! Sempre intenso os seus textos...
    "Não sei como apagar no peito
    a chama que arde covarde,
    nem amar sem fazer alarde!
    Tem sempre um tremor nas pernas,
    um jeito de olhar que denuncia,
    uma vontade de fazer poesia".
    Adoro-os. Grande abraço.

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  2. Olá, Naldo, já havia escrito, volto para lhe dizer que a linguagem que leio, sinto penetrar diretamente na minha mente e sentimentos com uma facilidade como fosse eu a viver estes momentos. Sentimentos a parte, você é meu amigo, sou suspeita a dizer isso, mas o FABULOSO POETA, chama-se Naldo Velho. Obrigado pela linda leitura.
    Neyde

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  3. Seus poemas são encantadores, amigo Naldo Velho! Sempre nos trazem aprendizados e uma boa dose de amor para nos presentear. Amei, amigo.
    Abraço carinhoso.

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  4. Não sabe muitas coisas, mas o certo é que sabe ser poeta de uma belíssima maneira!
    Parabéns por estes versos!

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