NALDOVELHO
Não
sei tirar leite das pedras,
nem
transformar água em vinho,
derrotar
monstros moinhos,
desembaraçar
na vida os fios,
evitar
novelos de lã.
Não
sei ver a diferença
entre
mulher de vida incerta
e
aquela que jura ser certa,
nem
descobrir quais são as loucas
entre
aquelas que afirmam que são sãs.
Não sei como apagar no peito
a
chama que arde covarde,
nem amar sem fazer alarde!
Tem
sempre um tremor nas pernas,
um
jeito de olhar que denuncia,
uma
vontade de fazer poesia.
Nunca
fui um bom navegante,
acabo
sempre num recife,
ou
então numa praia distante,
meio
náufrago, meio escombro,
pedindo
a Deus que alguém me ache
e
me leve de volta ao cais.
Nunca
aprendi a dar fortes laços,
no
máximo, nós cegos!
Volta
e meia a corda arrebenta
e aí eu me solto das amarras,
e aí eu me solto das amarras,
fico
andando em círculos
e
me perco de mim mais uma vez.