segunda-feira, 12 de março de 2012

VENTO DE MAIO (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

    O vento que assopra outono
    encharca de entardecer meus olhos,
    talvez por ser vento de maio,
    talvez por mexer em escombros.

    Só sei que desencravo memórias,
    de ruas friorentas e desertas,
    de janela convenientemente entreaberta,
    de música suave ao piano,
    de intimidades sendo expostas,
    de nostalgia batendo a porta,
    de bordados em tecidos estranhos,
    de palavras sussurradas, enganos,
    faz tempo não sei de você.

    O vento que venta em maio
    traz inquietude pra dentro do quarto
    e goteja palavras de sonho,
    poema que eu não saberia escrever. 

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