NALDOVELHO
Nas paredes daquela casa
fervilhava impunemente o silêncio
e aqueles que ali moravam não conseguiam
materializar sentimentos.
Não eram capazes de um gesto
de ternura ou aborrecimento,
soturnas e inexpressivas
apenas observavam
o caminhar lento do tempo.
E no quintal, um buraco enorme e lamacento;
onde eram despejadas todas as horas
passadas.
Nada lhes restava preservado,
nem por fora nem por dentro.
No jardim, flores ressequidas e
espinhentas.
Beija-flor volta meia por ali passava
e observava com tristeza,
sem conseguir entender o porquê,
chorava!