NALDOVELHO
Eu
tenho uma garrafa de conhaque
pra
baixo da metade, faz tempo, guardada,
já
nem me lembro do último gole,
mas
lembro bem a dor que eu senti.
Eu
tenho um monte de portas,
algumas,
faz tempo, abertas,
outras,
já nem lembro há quanto tempo trancadas,
não permitem que eu saia daqui.
não permitem que eu saia daqui.
Eu
tenho um monte de palavras
poemas
rascunhados guardados,
alguns
falam do amor que eu perdi,
outros,
do amor que eu não vivi.
Eu
tenho um monte de assuntos inacabados,
coisas
mal resolvidas, coito interrompido,
sentimento
de clausura, loucura,
vez
em quando ainda minto e me ponho a sorrir.
Eu
tenho em meu quarto uma única janela,
e
por ela eu vejo o dia que passa,
a
noite e a madrugada...
E
já se passaram tantas depois que eu me perdi.
Eu
tenho uma música inacabada,
uma
tapeçaria empoeirada,
um
gesto abortado, um pálido aceno,
poema
de adeus que eu não escrevi.
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