quinta-feira, 26 de julho de 2012

POESIA DA LIBERTAÇÃO (LUZ E SOMBRAS)


     NALDOVELHO

     Houve um tempo em que
     caminhávamos pelas ruas,
     em busca de um beco estreito
     onde pudéssemos nos meter
     e lá saboreávamos na carne o arrepio
     do prazer dos frutos sombrios
     e nada podia nos deter.

     Houve um tempo em que as ruas
     eram povoadas de ousadia,
     esquinas estranhas, incertas...
     e em noites encharcadas de orvalho
     teimosamente colhíamos,
     muitas marcas, cicatrizes,
     a ilusão de sermos felizes,
     e por mais que tropeçássemos
     não conseguíamos entender o porquê.

     Houve um tempo e nem faz tanto tempo,
     em que semeávamos em total desatino
     e até hoje não sabemos o quanto
     da magia daqueles tempos conseguimos perceber,
     por não conhecermos a linguagem dos anjos
     para assim ler nas ranhuras das pedras
     a poesia da libertação!

     Houve um tempo, agora é outro!
     Quem sabe um dia, possamos compreender?

terça-feira, 24 de julho de 2012

DUETO RIVKAH COHEN E NALDO VELHO (ARQUIVO)


   OUTONO EM MEUS VERSOS
   RIVKAH COHEN

   Olho para a janela
   onde existiam dois..

   Ele finge estar feliz,
   mas não é o que a flor me diz,
   quando a água fica pra depois..

   É outono em meus versos.

   Quisera que o inverno não viesse
   e chegasse logo a primavera,
   mas isso não acontece..
  
   JANELAS FECHADAS
   NALDOVELHO

   Já faz um bom tempo
   não escrevo poemas!
   Janelas fechadas,
   cortinas cerradas,
   vento frio de outono,
   estiagem de sonhos.

   Já faz um bom tempo
   o telefone não toca,
   e a chave da porta,
   nem sei se importa!
   debaixo do capacho...
   Você disse que voltava,
   acho que esqueceu!

   E no passar dos dias
   a sensação de abandono,
   e ainda que eu diga
   que você não faz falta,
   e que passado o inverno,
   primavera se insinua;
   nada disto é verdade!

   Odeio sentir sua falta,
   e ainda dói quando penso:
   podia ter dado certo,
   não sei o que nos aconteceu!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

TEMPO PERVERSO (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

    O tempo passeia impunemente pelo meu quarto,
    abre meus armários, mexe em meus guardados,
    espalha pelo chão, bilhetes, cartas, retratos,
    debocha dos meus poemas e diz
    que apesar da saudade ser um fato
    não há como se voltar atrás
    e que melhor seria se eu escrevesse
    versos de chuva, ou então versos de enchente,
    de águas jorrando pela janela,
    de corredeiras arrombando portas,
    de transformações!

    O tempo, este sujeito indecente,
    não quer saber de nostalgia,
    prefere poemas que nasçam espinhentos,
    que sejam rebelados, briguentos,
    e que festejem a morte do poeta
    que não conseguiu domar seu coração.

    O tempo, este sujeito perverso,
    não quer saber da lágrima que eu choro,
    prefere versos que falem do amanhã.

domingo, 15 de julho de 2012

O TEMPO, ESTE INCONFIDENTE (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

   O tempo, este inconfidente,
   vive de assombrar meus dias,
   insiste em revelar meus segredos...
   Quer mais poesia!