NALDOVELHO
Houve
um tempo em que
caminhávamos
pelas ruas,
em
busca de um beco estreito
onde
pudéssemos nos meter
e
lá saboreávamos na carne o arrepio
do
prazer dos frutos sombrios
e
nada podia nos deter.
Houve
um tempo em que as ruas
eram
povoadas de ousadia,
esquinas
estranhas, incertas...
e
em noites encharcadas de orvalho
teimosamente
colhíamos,
muitas
marcas, cicatrizes,
a
ilusão de sermos felizes,
e
por mais que tropeçássemos
não
conseguíamos entender o porquê.
Houve
um tempo e nem faz tanto tempo,
em
que semeávamos em total desatino
e
até hoje não sabemos o quanto
da
magia daqueles tempos conseguimos perceber,
por
não conhecermos a linguagem dos anjos
para
assim ler nas ranhuras das pedras
a
poesia da libertação!
Houve
um tempo, agora é outro!
Quem
sabe um dia, possamos compreender?