sábado, 16 de fevereiro de 2013

JARDINEIRA - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS

    NALDOVELHO

   Conheço uma pessoa
   que gosta de cultivar palavras
   e ela o faz em sementeiras
   espalhadas numa mesa,
   coisa mais linda de se ver.

   Foi aí que eu perguntei
   se ela era poeta.
   Ela respondeu que não!
   Disse-me ser jardineira
   e que vê-las florescer,
   era o seu maior prazer

   Perguntei-lhe então,
   se todas davam flores.
   Ela respondeu que não!
   Mas que mesmo estas,
   tinham lá seus significados
   nas tessituras em que a vida
   costuma nos envolver.

   Perguntei-lhe novamente,
   se podia colher algumas.
   Ela respondeu que sim!
   Pois sabia que eu era um poeta
   que gostava de se apropriar
   de palavras e significados
   para poder escrever.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

DANÇANDO NAS SOMBRAS - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


    NALDOVELHO

   Toda a vez que eu caminho pelas sombras
   ela me convida pra dançar.
   Diz que me conhece
   do tempo que eu andava pelas ruas
   e que me acompanha desde lá.
   E eu respondo: tudo bem!
   Mas só uma dança,
   em nome dos bons tempos.
   Ela contrapõe: 
   não que eu concorde,
   mas, se é assim que você quer?

   Vez por outra eu volto àquela esquina!
   Olho para um lado, olho para o outro...
   Mantendo sempre viva a esperança
   de que um dia ela saia daquele lugar.

O TOLO - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


    NALDOVELHO

   Há quem goste de semear canteiros
   em vales de destruição.
   Eu que sonho em ser jardineiro,
   tenho visto que por lá não nasce nada
   além do ódio e da incompreensão.

   Há quem diga que o poeta é um tolo
   que vive em busca de um jeito
   de manipular frias palavras,
   petrificadas pelo desamor.

   Eu que trago nas entranhas
   um mundo de significados,
   dou sentido a estas palavras,
   pois é missão do tolo confesso
   semear poemas que dissolvam a dor.

   Há quem diga que flores
   não nascem nas pedras!
   Eu que acredito em magia,
   cultivo hibiscos noite e dia
   e dou a eles razão e significado,
   cantigas que derrubem muralhas,
   poemas que semeiem amor.

   Só não aprendi, ainda, a cultivar bromélias
   em campos banhados de horror.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

ARANHAS - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


    NALDOVELHO

   No canto esquerdo, junto ao teto,
   parede em frente à porta,
   uma aranha tece sua teia.
   Vez em quando, para e observa
   aquele que entra, aquele que sai.

   Desconhece a aranha
   a tristeza de partir, a alegria de chegar.
   Só sabe da sanha, da faina
   e da necessidade de caçar.

   Eu que moro há tempos nesta casa,
   fico triste e ensimesmado
   quando observo pessoas assemelhadas às aranhas
   e as teias que elas tecem.
       
   Penso, que ainda prefiro as aranhas,
   pois elas eu sei como evitar.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

UMA FOLHA DE PAPEL EM BRANCO - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


    NALDOVELHO

   Uma folha de papel em branco
   é como se fosse uma janela
   de me olhar por dentro,
   só assim consigo perceber
   caminhos, escolhas, tropeços,
   feridas, ainda latentes,
   cicatrizes, doídas medalhas,
   histórias para se contar.

   Uma folha de papel em branco
   é como se fosse uma chave
   de abrir compartimentos secretos,
   coisas que eu trago guardadas,
   preciosos tesouros, memórias,
   palavras sagradas de anjo,
   boas para tentar converter
   o diabo que existe em mim.

   Uma folha de papel em branco
   é como se fosse um recomeço
   e todo o recomeço é sempre bom,
   um novo trecho na estrada,
   sementes a serem plantadas...
   Pode ser que eu cometa outras heresias,
   e ainda que eu volte a naufragar,
   haverá sempre mais um poema.

   É o jeito de Deus de me perdoar!


   UN FOGLIO DI CARTA BIANCA
   NALDOVELHO

   Un foglio di carta bianca
   è come una finestra
   guardando dentro di me,
   solo così posso vedere
   percorsi, scelte, e dove inciampo,
   ferite, ancora latente,
   cicatrici, medaglie doloranti
   storie da raccontare.

   Un foglio di carta bianca
   è come una chiave
   che apre scomparti segreti,
   cose che metto da parte con cura,
   preziosi tesori, ricordi,
   sacre parole d'angelo,
   buone da far convertire
   il diavolo che esiste in me.

   Un foglio di carta bianca
   è come un nuovo inizio
   e ogni nuovo inizio è sempre buono,
   un nuovo pezzo di strada
   semi da piantare ...
   Posso commettere altre eresie,
   e anche se c'è un naufragio in più
   ci sarà sempre un'altra poesia.

   È il modo di Dio per perdonarmi!"

   Tradução para o italiano por FERNANDA BELOTTI


sábado, 2 de fevereiro de 2013

MERA ILUSÃO - POEMAS DE LUZ E SOMBRAS


    NALDOVELHO

   Caminhos percorridos por dentro
   revelam da existência o mistério,
   passado, presente, futuro
   são páginas amontoadas
   de forma desordenada
   num livro chamado vivências,
   onde o tempo é uma mera ilusão.


   UN’ILLUSIONE
   NALDOVELHO

   Cammini percorsi all'interno
   svelano dell'esistenza il mistero,
   passato, presente, futuro
   le pagine sono raggruppate
   di forma disordinata
   in un libro intitolato vivenza,
   dove il tempo è un'illusione

   TRADUZIDO PARA O ITALIANO POR FERNANDA BELOTTI