sexta-feira, 21 de setembro de 2012

DAS COISAS QUE EU NÃO SEI (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

   Não sei tirar leite das pedras,
   nem transformar água em vinho,
   derrotar monstros moinhos,
   desembaraçar na vida os fios,
   evitar novelos de lã.

   Não sei ver a diferença
   entre mulher de vida incerta
   e aquela que jura ser certa,
   nem descobrir quais são as loucas
   entre aquelas que afirmam que são sãs.

   Não sei como apagar no peito
   a chama que arde covarde,
   nem amar sem fazer alarde!
   Tem sempre um tremor nas pernas,
   um jeito de olhar que denuncia,
   uma vontade de fazer poesia.

   Nunca fui um bom navegante,
   acabo sempre num recife,
   ou então numa praia distante,
   meio náufrago, meio escombro,
   pedindo a Deus que alguém me ache
   e me leve de volta ao cais.

   Nunca aprendi a dar fortes laços,
   no máximo, nós cegos!
   Volta e meia a corda arrebenta
   e aí eu me solto das amarras,
   fico andando em círculos
   e me perco de mim mais uma vez.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

COISAS DO CORAÇÃO (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

   Eu rabisco palavras de amor
   toda a vez que tropeço pelas ruas.
   São tentativas de disfarçar a dor
   da unha encravada, das constantes topadas,
   joelhos ralados, estabanado pelo chão.

   Eu rabisco palavras de solidão
   toda a vez que alguém me diz adeus.
   São poemas nostálgicos,
   mãos suadas, coração afrontado...
   Assim terminou a história de nós dois.

   Eu rabisco palavras suaves
   toda a vez que colho um sorriso.
   Coração ainda acredita,
   poesia é coisa bendita,
   semente de sonho, emoção.

   Eu rabisco palavras de ternura
   toda a vez que alguém me dá a mão.
   Apesar das lágrimas que escondo
   e do carinho muitas vezes negado...
   É sempre assim que eu me vejo depois.

   Eu rabisco muitas coisas,
   normalmente, poucos percebem!
   Tatuei em meu corpo segredos,
   mapas, poemas, enredos,
   coisas do coração!

  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

SUAVIDADE PÉTALA (LUZ E SOMBRAS)


   NALDOVELHO

   Esta suavidade pétala
   alicia meus ouvidos,
   mostra que o som que brota
   da voz que ao mesmo tempo
   é pavio e arrepio,
   é capaz de macerar palavras
   até fazer delas poemas,
   que por muito pouco ou quase nada,
   explodem dentro do meu coração.

A QUEM ME DEVOROU POR INTEIRO (LUZ E SOMBRAS)

   NALDOVELHO

   Mulher gostosa tem aos montes por aí,
   mas poucas sabem dos feitiços da lua cheia,
   poucas trazem no canto o veneno das sereias.
   Eu que não sou bobo nem nada
   e passei uma vida a tecer mandalas
   em colos molhados de cio e aconchego;
   faço mais este poema de luz e sombras,
   dedicado a quem me devorou por inteiro
   e fez com que eu renascesse poeta
   com a coragem de dizer que valeu a pena,
   apesar do muito que sofri!

sábado, 8 de setembro de 2012

POEMAS DE LUZ E SOMBRAS (LUZ E SOMBRAS)

    NALDOVELHO

   Revelar o que as ruas escondem?
   Posso não!
   Fiz promessa de segredo.
   No máximo, poemas de luz e sombras,
   pois cada esquina tem um dono
   e os compadres bem que gostam
   que lhes rendam homenagens
   e tudo dentro do maior respeito.

   Revelar o que as ruas escondem?
   Posso não!
   No máximo, poemas de luz e sombras,
   pois é preciso muita coragem
   para beber o veneno das madrugadas,
   servir de alimento a mais doce das sereias,
   ser contaminado por feitiços da lua cheia,
   e ainda assim, amanhecer acreditando
   no que um novo dia possa nos ofertar.

   Revelar o que as ruas escondem?
   Posso não!
   No máximo poemas de luz e sombras
   que nos ensinem a caminhar.