segunda-feira, 2 de abril de 2012

TALVEZ... (LUZ E SOMBRAS)


    NALDOVELHO

    Talvez, sejamos apenas
    um grito de clausura,
    uma luz em noite escura,
    um espinho espetado
    na palma da mão.

    Talvez, nada mais que um incômodo,
    nuvem que não se dissipa,
    palavra que espanta o tédio,
    vento frio no meio da tarde,
    uma tentativa de oração.

    Talvez, sejamos apenas
    uma imagem esboço,
    um pálido esforço,
    solitários tijolos
    de uma casa em construção.

    Talvez, nada mais que poetas,
    destes que perambulam pelo limbo
    a recolher coisas dos escombros,
    para com elas construir abrigos
    que sirvam para apaziguar o coração.

    Certamente para alguns poucos,
    uma fratura exposta,
    tempestade que fustiga a rocha,
    sentimento que se apodera dos dias
    e provoca inquietação.