segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O SOM DO PRAZER (LETRA DE MÚSICA)


    NALDOVELHO

    Quero te ter esta noite
    ao som de um chorinho,
    desses que mexem, remexem
    com muito carinho.
   
    Quero uma flauta travessa
    tecendo destinos
    e um violão que converse
    com um cavaquinho.

    Quero sonhar acordado
    em tuas cobertas,
    quero te ter ao meu lado,
    janelas abertas,
    quero escrever um poema,
    tu és um bom tema!
    quero o teu nome gravado
    em minhas algemas.

    Quero te ter esta noite
    ao som de um chorinho,
    desses que mexem, remexem
    com muito carinho.

    Quero tirar desse choro
    o som do prazer
    e um violão revelando
    o prazer de viver,
    buscando o calor do teu colo,
    um chorão capricha num solo,
    não dá pra negar o aconchego
    do teu bem querer.

    Quero te ter esta noite
    ao som de um chorinho,
    desses que mexem, remexem
    com muito carinho.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

CABOCLA (ARQUIVO)


    NALDOVELHO

    Ela sabia a linguagem das águas
    e passava horas na margem de um rio
    a tecer palavras que eu não saberia pronunciar.
    E as águas que por ali corriam
    deixavam nas margens presentes,
    sementes trazidas dos longes
    e a vida por ali florescia tranquila
    como em nenhum outro lugar.

    E ela sabia a linguagem do vento,
    que pra ela ventava macio,
    e lentamente deixava em seu corpo
    a carícia suave de um tempo
    onde a delicadeza era oferenda sagrada.
    E a palavra extasiada em silêncio
    por toda a sabedoria que eu via
    e pela beleza que no ar existia.

    E ela sabia a linguagem das plantas
    que amanheciam passarinhada em festa
    e lhe ofertavam remédios que curam:
    alecrim, arruda, alfazema,
    aroeira, assa peixe e avenca,
    quebra pedra, pata de vaca, saião,
    camomila, erva doce e tapete de Oxalá...
    Quanto amor havia ali para se ofertar.

    E quando caminhava pelas trilhas,
    o ar perfumado agradecia
    a formosura daquela Cabocla,
    nascida numa aldeia distante,
    filha de Mamãe Oxum,
    protegida dos Orixás.